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Bancos continuam a aumentar a margem financeira no crédito a particulares A análise das tendências recentes nas taxas de juros dos depósitos a prazo e dos empréstimos oferece uma visão interessante sobre a dinâmica financeira dos bancos. Os dados indicam que as taxas de juro médias dos novos depósitos a prazo para particulares têm vindo a diminuir, antecipando a evebtual descida das taxas de juro de referência por parte do BCE, mas o mesmo não está a contecer com as taxas de juro ativas dos empréstimos (ex-crédito à habitação). Em março, a taxa média de juros para novos depósitos a prazo caiu para 2,78%, seguindo uma tendência de redução das taxas nos meses anteriores. As taxas de juros passivas mais baixas nos depósitos são uma vantagem para os bancos do ponto de vista da redução de custos de captação de recursos, pois ao remunerarem menos pelos depósitos, os bancos melhoraram a sua margem financeira. Taxa de juro dos novos depósitos a prazo de particulares | Países da área do eur...

OPINIÃO: O Império das Grandes Corporações

A Apple foi a primeira empresa a atingir uma capitalização bolsista de 3 triliões de dólares (ou seja, 3 000 000 000 000 USD, isto é, 3 biliões de dólares na métrica portuguesa). Este valor é tão elevado como o PIB de países como a França e o Reino Unido, que se encontram entre as 10 maiores economias do mundo, e cerca de 12 vezes o PIB de Portugal!


Numa perspetiva económica, este tipo de empresas têm um nível de poder financeiro que pode influenciar diretamente os mercados globais, moldar os padrões da indústria e até ter impacto nas economias nacionais. Quando empresas desta dimensão tomam medidas estratégicas, como a mudança das suas fábricas ou a alteração das cadeias de abastecimento, podem provocar alterações económicas significativas nos países envolvidos. 

Por exemplo, a Apple tem tentado transferir uma boa parte da sua produção para fora da China, o que afetaria muitos postos de trabalho no mecado chinês. Por outro lado, a Índia e Taiwan, os dois países para onde as operações de fabrico seriam transferidas, beneficiariam grandemente com essa alteração.

  • Pode uma empresa ser mais poderosa do que um país?

Muito provavelmente. 

Voltemos à Apple. Qual é a primeira coisa que lhe vem à cabeça quando pensa na Apple? iPhones. Macbooks. Contudo, ela é muito mais do que isso. Por detrás de todos esses produtos com um design fantástico, existe um gigante (big brother) que exerce influência sobre (praticamente) tudo o que faz todos os dias. E provavelmente conhece-nos melhor do que nós próprios. 

Tem acesso aos seus dados biométricos, desde as suas impressões digitais (através do TouchID) ao seu rosto (através do FaceID). Conhece as suas tendências de compras (graças a cada Apple Pay). Consegue localizá-lo e calcular o número de passos que dá em qualquer direção (através do Health). 

A Apple conseguiu envolver-se no tecido da sociedade. Hardware. Software. Serviços financeiros. Cuidados de saúde. IA. RV. E muito mais.


Com 2 mil milhões de utilizadores de iOS em todo o mundo é lógico pensar que o nível de influência desta empresa vai para além do que muitos países podem fazer.

Como é que uma empresa obtém esse tipo de poder? Bem, esta profunda mudança na dinâmica do poder pode ser atribuída a vários factores, como a capacidade destas mega empresas para gerar vastos recursos financeiros, o seu alcance verdadeiramente global (planetário) e a crescente influência que exercem na política e na sociedade.

Ao contrário dos países, as empresas não estão limitadas geograficamente. Podem operar além fronteiras, 'navegar' por diferentes leis e regulamentos e chegar aos consumidores de todo o mundo. Esta presença internacional confere às empresas uma forma de influência e de softpower que muitos países não conseguem igualar.

Considere agora o Facebook (aka Meta). Com uma base de utilizadores de mais de 3 mil milhões de pessoas no 2Q23, a plataforma atinge muito mais indivíduos do que qualquer país. A influência destas plataformas na opinião pública, na divulgação de informação e até no discurso político é uma prova do seu poder. 

Ainda não há muito tempo, falávamos da ingerência russa nas eleições americanas e da 'mão invisível' na votação do Brexit. Lembram-se da Cambridge Analytica? Se não se lembra, veja o filme Social Dilemma.

Para além disso, as empresas são cada vez mais influentes em questões políticas. Através do lobbying, as empresas podem moldar políticas e regulamentos para favorecer os seus interesses. Essa tendência é evidente nos Estados Unidos, onde, de acordo com a mais recente divulgação de dados sobre lobby, mais de 55 milhões de dólares foram gastos em lobby, em 2021, pela Apple, Amazon, Facebook e Google.

  • To big to fail?

Esta influência não se limita à política económica. Pode estender-se à estabilidade financeira. Por exemplo, a falência do Lehman Brothers em 2008 foi um catalisador decisivo da crise financeira mundial, conduzindo a recessões económicas em vários países.


Devido à interconexão das instituições financeiras, os bancos de todo o mundo enfrentaram a perspetiva de perdas significativas. Esta situação conduziu a uma falta de confiança entre os bancos e a um congelamento dos empréstimos interbancários, que é um mecanismo fundamental para manter a liquidez no sistema financeiro mundial. O PIB da maior parte dos países registou uma contração devido a esta crise financeira: 2,5% nos Estados Unidos e 4,5% na Zona Euro. Ou seja, teve um impacto na vida das pessoas como há muito não se via.

No entanto, embora as empresas tenham acumulado um poder significativo, elas existem dentro dos quadros legais e regulamentares fornecidos pelos países. Além disso, o poder dos países ultrapassa a dimensão económica, com elementos militares, diplomáticos e culturais que as empresas não possuem. No entanto, tudo isso não diminui a quantidade de influência que essas empresas exercem na sociedade.

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